30.9.11

Brilha, brilha, estrelinha...

Por Carol Grechi

O piano (apócope derivado do italiano pianoforte) é um instrumento musical de cordas percutidas pelo sistema de classificação de Hornbostel-Sachs. O violino é um instrumento musical, classificado como instrumento de cordas friccionadas. É o mais agudo dos instrumentos de sua família (que ainda possui a viola, o violoncelo, correspondendo ao Soprano da voz humana. A Carol Grechi é um ser humano do sexo feminino, que já nasceu, está crescendo, ainda não se reproduziu e espera não morrer em breve. Estas três definições estarão unidas em um mesmo ambiente a partir desta sexta.

Não entendeu? Vou começar minhas aulas de piano e violino hoje. Já comprei uma caixa de cotonetes e tirei pó do meu “Guri Cachaça Van Bertollo Móica de Sulzbacher” (o violino pobre com nome de rico).

Por que diabos comprei um violino? A culpa é do Dazaranha, se alguém entrar em depressão ao me ouvir tocar (o que acontece frequentemente devido aos “ruídos” emitidos pelos iniciantes no instrumento) pode mandar a conta do otorrino pra Floripa. Fernando Sulzbacher, violinista do Daza há quase 20 anos, foi quem me inspirou a encarar o desafio.

Sempre pensei que violino fosse um instrumento caro, então nunca tinha me animado a comprar. Até o momento em que eu percebi que assim como existem violões de 100 reais, também existem violinos de 150 reais! Claro que não é um Stradivarius (ah vá!), que no caso é literalmente dez vezes mais caro, mas o meu dá pro gasto. Comprei sem nem saber o nome das partes do instrumento (tchê!). Resumindo, fiz cagada na hora de montar e quebrei meu cavalete. Pra quem não sabe, neste caso não estou falando daqueles cavaletes para pintura em tela e muito menos aqueles que ficam embaixo daquelas mesas de madeira toscas. No violino o cavalete é uma pecinha de madeira que suspende as cordas. Coloquei minha pecinha meio inclinada, meio torta... Aí fui apertando as cordas e... PLAAAAFT! Tava lá o corpo do cavalete estendido no chão, separado em dois pedaços.

Comecei a saga em busca de um novo. Quis dar um migué na loja e falei que simplesmente quebrou e não sei o que, tava na garantia e blá blá blá... Depois de 3 meses indo pentelhar o gerente quase diariamente, me mandaram dois cavaletes mais toscos que um tronco de árvore. Meu pobre amigo Fernando teve que me dar as coordenadas de como lixar e o caramba a quatro. Além de inspirar ainda tem que ensinar a pentelha! Pobre Fernando.

Fiz os ajustes mas fiquei com medo de colocar o cavalete e quebrar de novo. Aí aproveitando uma (rara) ida à Floripa, ganhei do meu inspirador dois cavaletes usados (pelo Daza, meu!!) e um jogo de cordas novas (demorei tanto pra resolver esse rolo que as cordas originais enferrujaram. Valeu Arroio).

Aí pronto. Afinadinho, certinho... SÓ tocar! Pra facilitar o meu lado, fui atrás do método Suzuki.Shinichi Suzuki era um velhinho japonês que começou a tocar com 17 anos e era amigo de ninguém menos que o Einstein. O japa criou um método para ensinar crianças, porque viu que os pequenos tinham uma baita facilidade em aprender. Espero que os meus 22 anos não importem pro Seu Suzuki.

Já sei tocar “brilha, brilha estrelinha”. Que repertório hein ô! Meu professor vai se orgulhar do talento da aluna já na primeira aula.

No piano quem me inspira é o Luciano Leães. O cara toca com: Acústicos e Valvulados, Locomotores, Fernando Noronha & Black Soul, Pública, às vezes toca com a Vera Loca e com mais algumas bandas de rock gaúcho. Lá tem bastante desse rodízio musical.

Em 2008 entrevistei o Leães e ele me disse o seguinte: “Lembro de ouvir os discos dos mestres do blues e ficar horas em frente ao piano, tentando tocar como eles; ouvia alguns álbuns e ficava desanimado, pensando que nunca ia conseguir chegar perto daquilo. Hoje sei que as dificuldades vão continuar sempre, pois isso é apenas uma variável que faz da música uma forma de expressão tão complexa e bonita. Foram anos até chegar a um nível que me deixou satisfeito”.
Penso nisso cada vez que ouço ele tocar e fico com cara de tacho olhando pro teclado na minha frente.

Como pessoa viciada que sou, sei que vou esfolar os dedos até quase chegar perto do que estou ouvindo. Espero não ficar sem dedos muito rápido.

Então era isso, té semana que vem! Ah, última dica: se quiser curtir um violino bem tocado ouve a versão ao vivo da música Tribo da Lua, do Dazaranha. E se quiser ler a entrevista completa que fiz com o Leães curte aqui. Té +

Crônica publicada na página 6 de hoje do jornal Diário de Notícias.

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