21.9.11

1/4 Novo, lembranças, esquecimentos e mais um pouco...

Por Carol Grechi

Como é difícil achar 1/4 novo pra descansar os pensamentos. Estou procurando um apartamento pra alugar, que seja perto do jornal, barato, só pra mim e que tenha pelo menos um fogão e uma geladeira dentro. Não tá fácil! Quando tem uma coisa não tem outra e quando tem a maioria dos itens, é longe (aí vou ter que sustentar a ACTU com meus R$ 5,60 diários... Eu hein). O porquê do “só pra mim”? Sei lá... Queria saber como é andar pelada pela casa. Rá – rá – rá, brincadeirinha. Não, na real queria ter um canto pra deixar meu teclado sempre a postos, o violão pertinho, o violino mais pertinho ainda... Fazer um som (nem que seja um som ruim pra caramba) na hora em que me der vontade. Ver minhas maratonas daquele seriado (prometi pra mim mesma que não usaria a palavra House outra vez nas crônicas pra não ficar chato) na hora em que desse na telha. E... Sei lá, no mais seria “brincar de casinha”, deixar ela bem bonitinha e poder chamar aquele canto de “meu”.

Inevitavelmente lembrei de quando fiquei um tempo morando na pacata cidade de Jacinto Machado. Não conhece a cidade? Apresento-lhe então, com um trecho de outra crônica que escrevi enquanto estava lá. Curte:

23/03/2011 - “Se eu achava que o Arroio era interior é porque eu não havia morado aqui ainda. Legal foi no feriado de carnaval, eu não almocei porque os dois únicos restaurantes do “centrinho” da cidade estavam fechados. Padarias tbm. Ao meio dia, uma hora, nada. Niente. Nothing. Pra casa comer bolacha com leite. Baita carnaval!!!

Funerária aqui tem bastante, e sempre de plantão. Tranquilo pra dar uma morridinha. Farmácia também, sempre tem uma aberta e sempre tem mais uma abrindo. Tem uma locadora com Lan House que deve ter pago as contas do mês só com as minhas contribuições quase diárias. Pra esquecer que estou sozinha e a km de alguém querido, pego filmes. Inclusive os que já vi. A Origem e Sherlock Holmes estão na lista do replay. A Lan House é reconfortante. Não porque falo com a mãe ou com o namorado, com ela falo por fone e vejo no findi, ele vejo na facul e no outro findi. A internet é mais pra sentir que ali eu conheço a área. Facebook, meu quase falecido Orkut, Twitter, Gmail, Hotmail, e a ronda de sempre nos sites do Dazaranha e do Pouca Vogal pra cuidar a agenda.


Ônibus é uma tristeza. Horários mais escassos do que cabelo na cabeça do Homer Simpson. Semana passada tive que pegar um ônibus pra Araranguá, pra depois pegar pra Criciúma, pra chegar mais cedo na facul. FUNÇÃO! Bota função nisso... (Se um dia eu passar na prova de carro da auto-escola eu compro um carro em 12345 vezes. Mas isso merece outra crônica)”

Ah, é mesmo... Esqueci de fazer outra crônica pra contar a saga da auto-escola. Esqueci também que na crônica da semana passada eu tinha dito que escreveria na próxima sobre “as histórias sem fim de quem a gente não conhece”. Pensei nisso quando passei na rodoviária. Enquanto espero o ônibus gosto de ficar imaginando pra onde irão e de onde vem as pessoas que também estão ali esperando. Por que estão indo pra lá e pra fazer o que... Na verdade não teria mais graça se eu soubesse mesmo. O legal é olhar aquela tia lá, sentada com as sacolas de mercado aos pés, e imaginar que o nome dela é Jurema (que nem aquela marca de ervilhas) e que ela acabou de ganhar na mega-sena e está andando de ônibus e com sacolas de mercado pra fingir que ainda é pobre. Tá certa a dona Jurema, vai que ela é seqüestrada né?

Ao lado dela tem um rapaz com fones de ouvido, casacão de couro e cabelo punk. Pra mim o nome dele é Astrogildo e ele está ouvindo uma coletânea com as 20 melhores da Kelly Key (se é que isso é musicalmente possível).

Lembrei de um cobrador que faz a linha dos amarelinhos. Ele parece o Tropeço da Família Adams. E está sempre triste. Tão triste que não consigo imaginar uma história bizarra pra ele.

Já que a crônica hoje ta toda revirada, com mais assuntos que reunião de clube de mães (ô mais falam!), também acabei de pensar se eu me encontraria fazendo cinema. Transformar todas as histórias sem fim das pessoas que eu não conheço em roteiros com fim e com histórias bizarras. Acho que meus filmes teriam dois acessos no Youtube, o meu e o da mãe.

Estou lembrando de várias coisas hoje enquanto escrevo a crônica. Hoje eu quero dizer ontem. Porque não vou fingir que estou escrevendo na quinta só porque você está lendo na quinta (oh não, agora vou pro inferno dos jornalistas!).

Lembrei que comecei a escrever uma história sobre uma banda chamada “Morte ao S”. Escrevi tudo sem a letra S. Quando chegar em “casa” hoje vou escrever mais um pouco (a idéia era virar um livro ¬¬) e semana que vem (se o chefe permitir tamanha liberdade) publico um pouco da Morte ao S aqui. Çe prepare pra ver a letra cedilha muitaç vezeç.

Era isso. A crônica de hoje não é uma história, mas também vai ficar meio sem fim. T + .

Crônica publicada dia 15/09/2001 na página 6 do jornal Diário de Notícias.

Um comentário:

Unknown disse...

Carol,vc.vai me desculpar,mas vou ser eu mesmo agora tá?Com todo respeito.
Vem andar pelada aqui em casa sua linda eheheeh.
E essa das pessoas esperando o bus me lembrou uma história da minha infância.Talvez eu escreva sobre ela e poste no blog.