25.9.12

Eu não sei desfilar




Por Carol Grechi

Sabe aquelas meninas que quando estão sentadas são capazes de se levantar com a leveza de uma pluma e de caminhar com a desenvoltura e delicadeza de uma princesa desfilando? Essa não sou eu.

Meu jeito de caminhar é engraçado, no mínimo estranho. Meio que dando uns pulinhos mínimos. Eu sei, eu sei. Se tenho consciência disso por que não ando diferente? Porque quando tento me policiar parece que estou andando segurando um pum (viu, sou delicadinha o suficiente pra escrever pum ao invés de peido).

Meu amigo de trabalho na gravadora da rádio certa vez disse que sou tão legal que sou tipo “um cara com cabelo”. Até hoje não decidi se fico feliz ou não com o que me pareceu um elogio.

Cresci com os pés sentindo o chão, usando AllStar desde a infância. Se uso um tênis com solado diferente já estranho... Agora vocês, queridos leitores (que agora são dois, o Ricardo Chicuta – da casa, e o inspirador literário, Renam Meinem), imaginem então um salto alto. Tenho meu lado atriz, sei manter a pose num salto. Por aproximadamente 20 minutos. Passou disso e meus pés se rebelam gritando de desconforto e eu sumo com os saltos rapidinho.

O que me lembra o vestido cor-de-rosa. Eu tenho um vestido cor-de-rosa. Daqueles de festa. Fiquei toda feliz quando o encontrei, me achei uma princesa no provador da loja! Mas depois que me vi em fotos com ele, nossa relação estremeceu. Não gostei. Não mesmo. Tá errado, tá estranho. Princesa fajuta. Barbie de 1,99.

Eu simplesmente não entendo as meninas que estão sempre lindas. Elas existem! Já vi alguns exemplares... Podem ter acabado de sair do meio do furacão Catarina, do meio de um show lotado e abafado... Mas estão lá, sempre com cabelo impecável e maquiagem estática. Do mesmo jeito que saíram de casa. Podem amarrar o cabelo, dar um nó, raspar a cabeça, sair de pijama, que estarão sempre lindas.

Só podem ser alienígenas...

E agora chego ao meu ponto contraditório. Sou sensível até dizer chega. E mais um pouco ainda. Na hora da fabricação esbarraram nos jarros com as emoções e sensibilidades e eles caíram inteirinhos no caldeirão com meu nome.

(me imaginei sendo fabricada por uma bruxa, então? Derivada do quê? Uma sopa? Que viagem...).

Sou uma menininha muito sensível.

Só porque não faço as unhas toda semana? (cutículas de filme de terror, enxergam as manicures e começam a sangrar).

Só porque não uso calça coladinha? (eu ia falar calça knorr, mas há a possibilidade de meus dois leitores não sacarem a referência). Até comprei uma calça dessas pra caminhar no Parque das Nações, tá ali na gaveta. (A gaveta tá caminhando que é uma beleza, já perdeu 3 kg).

Falo besteira sim, falo que é massa pra ****lho! Falo que é *oda! Ouço rock, quero aprender a tocar a maioria dos instrumentos que vejo, uso Allstar, geralmente meninos tem mais assuntos em comum comigo do que meninas, tenho mais amigos do que amigas...

Choro de saudade, abraço minha almofadinha de estimação antes de dormir, quero fazer aula de dança de salão, me sinto pelada sem meus pequenos brinquinhos nas orelhas, quando encontro a caixa das Barbies me pego trocando as roupinhas - a maioria eu que fiz, pobrezinhas das Barbies...

Mas eu sei onde tudo isso começou. One simple idea. Hoje é tudo muito claro.

Eu tinha 12 anos e cortei meu cabelo bem curtinho, porque queria igual ao da Xuxa.

Aí estava brincando na frente de casa quando uma senhora parou pra conversar com a prima da minha mãe. Então a ouvi perguntar: “e esse gordinho, de quem é?”

Reparei que ela tava olhando pra mim.
Sério.

Hoje eu diria assim pra véia: Com esse bigode aí tu é mais guri que eu.

Mas na época foi algo assim: “Eu sou menina! Não tá vendo a tiara, os brincos e a blusa rosa??”

Ela resmungou algo sobre o cabelo. Pelo tamanho do coque debulhado que ela carregava no topo da cabeça e pelo saiote infinito, agora eu entendo. Na época não.

A véia me confundiu com um guri! VSF! Chorei a tarde toda de raiva, rezando pro meu cabelo crescer durante a noite, enquanto eu dormia.

Vale dizer também que naquela mesma época teve festa junina na escola e eu tive uma crise capilar nervosa severa, pois com aquele comprimento de cabelo não poderia ir pra festinha usando trancinhas. #XuxaFail #Morrediabo

Então, sou legal tipo um cara com cabelo.
E sensível tipo uma menininha de 6 anos.

Não vivo sem meu shampoo, meu condicionador e meu secador de cabelos.
Não vivo sem meu aparelho de mp3.
Não vivo sem meu creme para o rosto, para as mãos e minhas maquiagens.
Não vivo sem minha calça jeans. (No singular mesmo, emagreci e só sobrou uma que me serve).

Último Allstar adquirido: 97 reais. (há meio ano, mais ou menos)
Quantidade de perfumes e cremes (em uso) dentro do guarda-roupas: 15
Gasto em livros e revistas este mês: em média 20 reais.
Gasto em salão de beleza este mês: 0 reais.

Fazer auto-análise de graça no blog: Não tem preço.





Ah, vá! Que é de graça e não tem preço?! Não, né?! Não vai acabar o texto com esse clichezão de propaganda de cartão de crédito, né? Tanto mimimi pra acabar assim? Porra, tu já escreveu melhor hein?!

É que fazia tempo que não escrevia... Sempre me perco nos finais... Não fala assim... Não fala... Assim... Eu sempre me esforço e... E... Daí às vezes não dá... Aí... Aí... buáááááááá... Sua insensível...

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Agora sim.

Um comentário:

Anônimo disse...

Hey, corrigindo, 3 leitores. Ando passando por aqui faz uns 4 meses, mas sempre em silêncio :)