Por Carol Grechi
Sabe aquelas meninas que quando estão sentadas são capazes
de se levantar com a leveza de uma pluma e de caminhar com a desenvoltura e
delicadeza de uma princesa desfilando? Essa não sou eu.
Meu jeito de caminhar é engraçado, no mínimo estranho. Meio
que dando uns pulinhos mínimos. Eu sei, eu sei. Se tenho consciência disso por
que não ando diferente? Porque quando tento me policiar parece que estou
andando segurando um pum (viu, sou delicadinha o suficiente pra escrever pum ao
invés de peido).
Meu amigo de trabalho na gravadora da rádio certa vez disse
que sou tão legal que sou tipo “um cara com cabelo”. Até hoje não decidi se
fico feliz ou não com o que me pareceu um elogio.
Cresci com os pés sentindo o chão, usando AllStar desde a
infância. Se uso um tênis com solado diferente já estranho... Agora vocês,
queridos leitores (que agora são dois, o Ricardo Chicuta – da casa, e o inspirador
literário, Renam Meinem), imaginem então um salto alto. Tenho meu lado atriz,
sei manter a pose num salto. Por aproximadamente 20 minutos. Passou disso e
meus pés se rebelam gritando de desconforto e eu sumo com os saltos rapidinho.
O que me lembra o vestido cor-de-rosa. Eu tenho um vestido
cor-de-rosa. Daqueles de festa. Fiquei toda feliz quando o encontrei, me achei
uma princesa no provador da loja! Mas depois que me vi em fotos com ele, nossa
relação estremeceu. Não gostei. Não mesmo. Tá errado, tá estranho. Princesa
fajuta. Barbie de 1,99.
Eu simplesmente não entendo as meninas que estão sempre
lindas. Elas existem! Já vi alguns exemplares... Podem ter acabado de sair do
meio do furacão Catarina, do meio de um show lotado e abafado... Mas estão lá,
sempre com cabelo impecável e maquiagem estática. Do mesmo jeito que saíram de
casa. Podem amarrar o cabelo, dar um nó, raspar a cabeça, sair de pijama, que
estarão sempre lindas.
Só podem ser alienígenas...
E agora chego ao meu ponto contraditório. Sou sensível até
dizer chega. E mais um pouco ainda. Na hora da fabricação esbarraram nos jarros
com as emoções e sensibilidades e eles caíram inteirinhos no caldeirão com meu
nome.
(me imaginei sendo fabricada por uma bruxa, então? Derivada
do quê? Uma sopa? Que viagem...).
Sou uma menininha muito sensível.
Só porque não faço as unhas toda semana? (cutículas de filme
de terror, enxergam as manicures e começam a sangrar).
Só porque não uso calça coladinha? (eu ia falar calça knorr,
mas há a possibilidade de meus dois leitores não sacarem a referência). Até
comprei uma calça dessas pra caminhar no Parque das Nações, tá ali na gaveta.
(A gaveta tá caminhando que é uma beleza, já perdeu 3 kg ).
Falo besteira sim, falo que é massa pra ****lho! Falo que é
*oda! Ouço rock, quero aprender a tocar a maioria dos instrumentos que vejo,
uso Allstar, geralmente meninos tem mais assuntos em comum comigo do que
meninas, tenho mais amigos do que amigas...
Choro de saudade, abraço minha almofadinha de estimação
antes de dormir, quero fazer aula de dança de salão, me sinto pelada sem meus
pequenos brinquinhos nas orelhas, quando encontro a caixa das Barbies me pego
trocando as roupinhas - a maioria eu que fiz, pobrezinhas das Barbies...
Mas eu sei onde tudo isso começou. One simple idea. Hoje é
tudo muito claro.
Eu tinha 12 anos e cortei meu cabelo bem curtinho, porque
queria igual ao da Xuxa.
Aí estava brincando na frente de casa quando uma senhora
parou pra conversar com a prima da minha mãe. Então a ouvi perguntar: “e esse
gordinho, de quem é?”
Reparei que ela tava olhando pra mim.
Sério.
Hoje eu diria assim pra véia: Com esse bigode aí tu é mais
guri que eu.
Mas na época foi algo assim: “Eu sou menina! Não tá vendo a
tiara, os brincos e a blusa rosa??”
Ela resmungou algo sobre o cabelo. Pelo tamanho do coque
debulhado que ela carregava no topo da cabeça e pelo saiote infinito, agora eu
entendo. Na época não.
A véia me confundiu com um guri! VSF! Chorei a tarde toda de
raiva, rezando pro meu cabelo crescer durante a noite, enquanto eu dormia.
Vale dizer também que naquela mesma época teve festa junina
na escola e eu tive uma crise capilar nervosa severa, pois com aquele
comprimento de cabelo não poderia ir pra festinha usando trancinhas. #XuxaFail
#Morrediabo
Então, sou legal tipo um cara com cabelo.
Não vivo sem meu shampoo, meu condicionador e meu secador de
cabelos.
Não vivo sem meu aparelho de mp3.
Não vivo sem meu creme para o rosto, para as mãos e minhas
maquiagens.
Não vivo sem minha calça jeans. (No singular mesmo, emagreci
e só sobrou uma que me serve).
Último Allstar adquirido: 97 reais. (há meio ano, mais ou
menos)
Quantidade de perfumes e cremes (em uso) dentro do
guarda-roupas: 15
Gasto em livros e revistas este mês: em média 20 reais.
Gasto em salão de beleza este mês: 0 reais.
Fazer auto-análise de graça no blog: Não tem preço.
Ah, vá! Que é de graça e não tem preço?! Não, né?! Não vai
acabar o texto com esse clichezão de propaganda de cartão de crédito, né? Tanto
mimimi pra acabar assim? Porra, tu já escreveu melhor hein?!
É que fazia tempo que não escrevia... Sempre me perco nos
finais... Não fala assim... Não fala... Assim... Eu sempre me esforço e... E...
Daí às vezes não dá... Aí... Aí... buáááááááá... Sua insensível...
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Agora sim.
Um comentário:
Hey, corrigindo, 3 leitores. Ando passando por aqui faz uns 4 meses, mas sempre em silêncio :)
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