Por Carol Grechi
Até onde minha memória alcança, sempre gostei de viajar de
ônibus. Não me refiro ao circular de Novo Hamburgo, os amarelinhos de Criciúma
ou a Viação Cidade - Arroio do Silva/Araranguá. Falo de pegar um ônibus pra
outro estado ou então, aqui mesmo em SC, só que pra mais longe... Sozinha,
então... Bah! Mais expectativa ainda por entregar a passagem, subir o primeiro
degrau e procurar o meu lugar entre os numerozinhos luminosos.
Umas boas horas de música garantidas no mp3 (sim, ainda não
tenho smartphone, tragam os pregos e a cruz) e um lugar na janela. Com isso
viajo bem mais que os km podem contar.
Lembro de vir pra Santa Catarina de ônibus, eu e minha mãe,
nas férias de verão.
Como as pilhas do walkman não duravam o suficiente para
repetir a fita k7 dos Mamonas Assassinas, a pobre da Dona Neusa vinha jogando
“mundo animal” comigo o caminho todo (aquele jogo em que temos que falar nomes de animais iniciados com determinada letra). Imagino a paciência dos demais no ônibus
ouvindo o duelo interminável. Eu hoje me mandaria dormir no segundo “muuuundo a
ni... maal!”. Mentira. Me irrito em silêncio. Me livraria do vozerio infantil apenas
virando pro lado e aumentando o volume
nos meus fones de ouvido.
Claro que a graça de ir pra Porto Alegre é parar no 86 pra
esticar as pernas e reclamar do preço das coisas. E a graça de ir pra Floripa,
logicamente, é ver a ponte Hercílio Luz dando boas vindas enquanto o ônibus
contorna as bandeiras gigantes ilhadas naquele laguinho perto do terminal Rita
Maria. Que sempre chamo de Maria Rita antes de cantarolar “o trem que chega é o
mesmo trem da partiiiiida...”
O bom de viajar sozinha é simplesmente aproveitar aquelas
horas pra ficar de boa, vendo a paisagem, curtindo as musiquinhas...
O ruim é não ter alguém pra te dizer que você está dormindo
com a boca aberta (e geralmente babando) há algum tempo. Ou ter que ir no
banheiro e deixar a bolsa sozinha. Mal dá pra se segurar em pé em banheiro de
ônibus, levar a bolsa junto, então...
Xixi no pé é pouco.
E ainda o velho medo de quem sentará ao seu lado.
( ) Um senhor
tagarela que ignora seus fones e puxa assunto reclamando que esqueceu o remédio
da pressão, resmungando sobre doenças e falecidos o caminho todo, enquanto você
balança a cabeça e diz “pois é”, “complicado” e “aham”.
( ) Uma criança que
não conseguiu lugar ao lado da mãe e que passa o caminho todo comendo Cheetos
bola, limpando o nariz no estofamento da banco e te encarando pra ver se você
olha. Meu modo pacífico vira pra janela e a ignora. Mas se ela der o azar de me
encarar naquela semana do mês... Devolvo o olhar com a mesma intenção (e com a
minha melhor cara de má) até ela piscar e sair resmungando “manhêêê...”
( ) Qualquer pessoa, de qualquer gênero e idade,
que esteja com odores desagradavelmente invasivos.
( ) Uma outra pessoa com fones de ouvido e/ou
livro, que lhe cumprimenta com um sorriso e coexiste em harmonia até que o
ônibus chegue ao seu destino.
A última opção é um presente que o acaso lhe dá, derivando
da sua escolha de empresa de ônibus, horário escolhido e destino da viagem. Não
tão raro pra ser tipo Mega Sena. Mais pra Quina...
Hum... viajei tanto no texto que perdi o ponto pra descer na
parte certa onde ele se encerra. Vou puxando a cordinha por aqui mesmo. Tenho
que pegar o Vila Zuleima, que deve estar saindo do terminal central de Criciúma
nesse momento.
Continuamos a conversa depois...
Mas a janela é minha.
3 comentários:
Achei mais uma maluca que como eu gosta mais de viajar de bus do que de avião.
Mentes brilhantes pensam igual, meu caro Chicuta... Mentes brilhantes pensam igual... :) (e eu cheia de viagens de avião no meu histórico uaheuahea)
a Sensação que tenho de ver a ponte Hercilio Luz é que eu peguei o onibus errado hehehe mas a sensação de chegar em POA em exatamente 45 minutos... NÃO TEM PREÇO ou tem e é bem caro se não for na promoção
quanto tempo eu não passo por aqui...
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