20.12.11

À espera


Por Carol Grechi


A mola na ponta da caneta acompanha as batidas do violão que eu ouço no mp3. Sou eu tocando e cantando. Quer dizer, agora acabou a música e o Duca Leindecker canta que suas lágrimas não caem mais, pois ele já se transformou em pó.

Penso quando vou voltar a compor. Sinto falta da empolgação e da caça pelas palavras certas. Mas quando penso que quero escrever, que tenho que escrever, só me vem o silêncio. Como eu tenho fé na força do silêncio, é só continuar esperando.

Ainda é dia, mas as luzes dos postes já estão acesas. O Sol já vai dormir nesse entardecer frio de domingo.
Acabou a faculdade, acabou meu dinheiro, acabou o dia. Enquanto a noite se espreguiça antes de começar, começo a pensar no que virá, como pagar, onde morar.

Olho ao redor e vejo as pessoas descendo e subindo, indo e vindo. Sobem com as mãos no bolso, dinheiro também, a lista das compras da vida de alguém. Descem devagar, enquanto a escada rola, as mão ajeitam as sacolas, o olhar desfocado sente a falta dos ex-trocados.

Café, panqueca, pastel, sanduíche ou pizza? Hoje o meu prato é a folha em branco. Barata, não engorda e distrai um pouco.

Espero o meu amor. Não de uma maneira filosófica, literalmente mesmo.
Acabou de chegar. Os olhos verdes que me mostram os caminhos da noite.



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