Desde que passei a morar em Balneário Arroio do Silva, há mais ou menos 10 anos, me acostumei com a realidade de que a minha cidade, mesmo após a emancipação, ainda está muito ligada à Araranguá.
Além do Giassi (e logo mais o Manenti), do Hospital, das 8.956 lojas de eletrodomésticos, do Center Fábricas e da BR 101, tem outra coisa que faz com que ainda sejamos dependentes da cidade vizinha: A rodoviária.
Para ir até Porto Alegre, Floripa, ou Criciúma, ou qualquer outro lugar que não seja a Praia da Meta e o Mariscão, os Arroiosilvenses precisam ir até a rodoviária de Araranguá. Segundo o atual prefeito do Arroio, esta situação mudará em breve...
Enquanto isso, vamos aos fatos.
Um tempo atrás, o David Coimbra disse no PB que achava a rodoviária de Araranguá deprimente. Minha mãe, uma araranguaense que conhece a cidade há cinquenta e #$%& anos, olhou pra mim e depois de um tempo me disse: "Bah, pior que é verdade, que lugar deprimente".
Pra você que não conhece, o local em questão seria mais ou menos assim:
* Para esperar o seu ônibus, podes optar pelas fileiras de cadeiras de plástico laranja de frente pra uma televisão que nunca tem som. A Vantagem desta área é que ela é coberta e serve de abrigo em dias de vento/chuva. Mas está sempre num silêncio sepulcral, exceto pelos bebuns, que ficam resmungando e pedindo moedas para comprar a passagem. A passagem, bem sabemos, é para uma embriaguez sem volta, e o guichê de venda é o bar da esquina.
* Se preferir esperar no ambiente aberto, sente nos bancos de pedra que também existem no local. Só não se mexa muito, pois eles tem algumas rachaduras e são mais velhos que a Ponte da Barranca.
* Está com fome? ao lado do ambiente das cadeiras de plástico, há um bar, que como em toda rodoviária, vende as coisas pelo dobro do valor. Se estiver com pouco dinheiro mesmo, compre um Biluzitos, e se prepare para a sede.
* Se você me levou a sério (!!!) e comprou o Biluzitos, que por sinal também é fabricado em Araranguá, deve estar com a boca parecendo um depósito de sal. Para não gastar com água, toma da pia do banheiro mesmo. Isso se já estiver com a passagem na mão (só pode entrar se apresentar a passagem) e se por acaso o banheiro não estiver com uma corrente, um cadeado e nenhuma explicação visível. Isso acontece de vez em quando, sei por (infeliz) experiência própria.
* Se passar da 6, a banca de revistas estará fechada. Então suas opções de distração se resumem a uma TV sem som.
* Em Porto Alegre sempre vemos muitas pessoas, independente da data ou horário, sempre tem o que olhar... Para se distrair você pode só parar e ficar olhando as pessoas se despedindo, se encontrando, se perdendo, etc...
* Em Araranguá nunca tem mais de 15 pessoas na rodoviária, independente da data ou horário. Acho que todos já sabem que o tédio habita por aquelas bandas, então só chegam em cima da hora pra pegar o ônibus e partir logo do deprimente local. E ninguém se perde ali, seria logicamente impossível, levando em conta o tamanho do ambiente.
* Em Criciúma sempre tem um senhor que está oferecendo canudos de amendoim. Às vezes te oferece até 3 vezes em menos de 10 minutos, acho que ele pensa que a gente pode mudar de idéia de repente, sei lá... Na rodoviária de Araranguá só te oferecem panfletos de concurso público.
* Nos fundo da Rodoviária de Araranguá, está o rio Araranguá. Ele é bonito, quando não chove. Mas os fundos da rodoviária são meio sinistros, o que já elimina mais uma grande oportunidade de distração, que seria ficar olhando pro rio.
Mas como se diz, se não tem tu, vai tu mesmo. E o lado bom da rodov das Araras é que a partir do dia em que você a conhece, todas as outras rodoviárias do mundo serão lindas, alegres, contagiantes e aconchegantes.
Pelo menos uma coisa boa.
I Love Araranguá.
Sem ironia. Conheça o Morro dos conventos que tu vai saber do que eu tô falando.
Mas na boa, vá de carro.
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