25.3.13

Labirintos humanos

Conhecer todos os lados pode ser difícil.

Um labirinto que traz em cada caminho um sentimento, histórias paralelas que seguem coexistindo. Lado a lado, mas sem se cruzar. Um trajeto tortuoso seguindo em frente, esperando um atalho lá adiante, onde possa encontrar novamente a linha reta, constância. Constante paciência, contra tudo, a esperança.

A vontade de que tudo fique bem pra todos, mesmo sabendo que lá no fundo, nunca o será. O medo de chegar ao centro do labirinto e ter que escolher entre um dos caminhos. Sou a terra, amo e acolho todos os ramos que crescem, independente de seus destinos. Não posso escolher um lado, uma raiz e não a outra. São parte de mim, e ponto.

Enquanto isso seguimos caminhando, com os passos leves, lado a lado, desbravando. Que esse dia nunca chegue, que sigamos pelas beiradas sem ter que encarar o centro, sem ter que escolher pra sempre... Ou nada será suficiente... Pra descrever o tamanho da minha dor.

20.3.13

Do frio e do vento sul

Por Carol Grechi

A roupa caiu num estrondo quando o frágil varal capotou com o vento. Encaramos o frio pra resgatar as ferragens dobráveis envoltas numa confusão de toalhas e camisetas úmidas.

Os pratos prontos e o forno a gás se completaram tão bem quanto o vinho branco suave e a conversa.

Conversa. Entre as rajadas nervosas açoitando as paredes externas da casa, ouvia-se três vozes. Risadas, revelações, lágrimas invisíveis e um "boa noite" sussurrado.

A noite chorava quando dormimos e ainda estava manhosa entre as nuvens carregadas do amanhecer.

Andar na chuva e sorrir entre os tênis molhados e sombrinhas viradas pelo vento sul.

Lembranças de um último dia...

...E a certeza de que, no frio, os abraços de despedida doem mais.