27.11.08

Luciano Leães. Diversão, paixão e profissão.



Por Caroline Grechi

Caminhando pelas dependências do Centro Cultural Célula, em Florianópolis, enquanto aguardava pela passagem de som para mais um show, um simpático pianista me contou um pouco de sua história, enquanto dava paradas ocasionais para tirar algumas fotos da decoração do ambiente, repleta de camisetas de bandas e discos de vinil.

Aos sete anos de idade Luciano Leães começou a expressar seu talento para a música, transferindo suas emoções para o piano através de seus hábeis dedos infantis. Nas festas de família e nas tardes passadas na casa da avó paterna, Luciano tocava piano com seus tios, e lembra que na sua infância, a maioria das festas de Natal eram realizadas ao som de piano. O garoto de cabelos pretos, hoje é um homem de belo sorriso e um dos pianistas mais elogiados do Sul do país.

Contando sempre com o apoio da família, Luciano seguiu se aprimorando e cada vez mais se apaixonando pelo piano. “Na infância, era uma das brincadeiras prediletas, na adolescência se tornou um grande prazer. Até hoje acredito que toco com a mesma vontade dos tempos em que isso era uma brincadeira, ou até mais”, comenta o moço ao parar para admirar uma parede com um gigante painel de palavras cruzadas.


Ao sentar-se em frente ao palco e apanhar uma bolacha recheada do pacote em minhas mãos, Leães relembrou das dificuldades pelos quais passou, mas que com muita persistência e paixão pela música, conseguiu superar. “Lembro de ouvir os discos dos mestres do blues e ficar horas em frente ao piano, tentando tocar como eles; ouvia alguns álbuns e ficava desanimado, pensando que nunca ia conseguir chegar perto daquilo. Hoje sei que as dificuldades vão continuar sempre, pois isso é apenas uma variável que faz da música uma forma de expressão tão complexa e bonita. Foram anos até chegar a um nível que me deixou satisfeito”.

Esse nível a qual ele se refere também deixa outros grandes músicos muito satisfeitos, e é um dos motivos pelos quais Luciano é convidado a participar de inúmeros trabalhos de bandas que fizeram e ainda fazem história no Rio Grande do Sul. Além de trabalhar com produção musical e composição de trilhas no seu estúdio em Porto Alegre, Leães divide seu tempo tocando em três ou quatro bandas.

Uma delas é a Locomotores, resultado da união de músicos já bem conhecidos na cena roqueira do Sul do país, e composta por ex-integrantes de bandas como Cachorro Grande e TNT. Outro trabalho, que começou com uma participação no DVD da banda, é a parceria com o Acústicos e Valvulados; amigos de longa data que agora também contam com Leães para realizarem seus shows.

A lista continua. No final dos anos 90, o pianista conheceu Fernando Noronha. A “Jam session” realizada pelos músicos ocorreu com tanta naturalidade que o resultado foi sua integração à Fernando Noronha & Black Soul, da qual faz parte até hoje; tendo inclusive realizado inúmeras turnês pela Europa, a mais recente no começo de 2008.

Já as participações, se perdem na longa lista de amigos... Entre os vários trabalhos, estão a contribuição no segundo CD da banda instrumental Pata de Elefante, e a participação como pianista/organista e co-produtor do disco “Let me in” do harmonicista brasileiro Alex Rossi, que desponta no exterior como uma das grandes revelações na harmônica (a popular “gaita de boca”).

Ao longo de sua carreira Leães passou por palcos do mundo inteiro, com destaque para o Festival Internacional de Jazz de Montreal e diversos outros festivais e casas da América latina e Europa. Também teve a oportunidade de trabalhar/tocar com músicos como BB King, Chris Duarte, Celso Blues Boy, Renato Borghetti, Carey Bell, Holland K. Smith e Litlle Jimmy King.

Comendo a última bolachinha do pacote de Negresco (que por descuido de algum dos Acústicos e Valvulados, acabou caindo em nossas mãos), Luciano diz que o conselho que dá aos seus alunos de piano ou a algum músico iniciante no instrumento, que lhe pergunte qual o caminho para chegar aonde ele se encontra atualmente como profissional, é o de nunca desistir e treinar sempre.

“Passei por muitas dificuldades em meus estudos de blues e soul, mas nunca associei música a algo negativo ou difícil. Mesmo nas horas mais complicadas, eu sentia prazer em tocar e a vontade sempre superou qualquer obstáculo”, encerra o mestre das teclas ao me dar um sorriso, antes de subir ao palco e se preparar para mais um show na sua longa a e apaixonada história com a música.



19.11.08

1/4 Cheio de perguntas



Por Caroline Grechi

Por que será que a nossa cabeça não pára de pensar? Nem quando dormimos a desgraçada pára... Zilhões de pensamentos voando pela sua cachola e te deixando cada vez mais confuso.

O interior da sua cabeça deve ser parecido com o seu quarto. Gavetas de idéias, armários de sentimentos e dúvidas espalhadas por todo canto, como se fossem meias. Nas noites de insônia você resolve sair catando as dúvidas pelo seu quarto cerebral, para ver se organiza alguma coisa. Mas é o mesmo que jogar água em “Gremlins”, pra cada resposta que você tenta encontrar, surge outra pergunta. E ás vezes, as que surgem não tem nada a ver com a pergunta principal. São Gremlins independentes.

Por que todo mundo tem namorada (o) menos eu?
Perguntas Gremlin:

Eu sou tão feio (a) assim?
Meu cabelo é esquisito?
Será que em vez de engraçado (a) eu sou mala?
Meu nariz podia ser mais fino...
Porque o mês que vem não chega nunca?

Por que eu não ganho dinheiro fazendo o que gosto?
Perguntas Gremlin:

Eu canto tão mal assim?
Quantos anos eu vou levar pra tocar violão que nem o Duca Leindecker?
Um caminhão da Elma Chips podia tombar na minha rua...
Será que um dia alguém vai comprar as fotos que eu tiro?
Será que um dia vou escrever crônicas pra um jornal?
Quanto tempo vai levar até eu trabalhar na Atlântida?
E se eu pintasse o cabelo de azul?
Se eu inventasse um chocolate que emagrece?

Por que dizem que eu pareço carente?
Perguntas Gremlin:

A falta de namorada (o) está tão visível assim?
O fato de querer abraçar meus amigos quer dizer alguma coisa?
Só eu tenho ciúme de amigos?
Por que aquele All Star vermelho é tão caro?
Será que o meu conceito de amizade é o mesmo das outras pessoas?
Eu sabia que eles estavam namorando...
Será que só eu vou ficar encalhado (a)?????

E por aí vai... Além de questionamentos de notas da escola/faculdade, dúvidas em relação à política atual (mas essa duvida é tão chata que tu já larga no cantinho onde ela tava, embaixo do tapete do quarto cerebral.)

04h15min da manhã e a cabeça continua a milhão. Agora vem aquela musica desgraçada que algum colega engraçadinho cantou, e que não sai da sua mente. Fica se repetindo e repetindo e repetindo, e sempre a mesma frase. Quer saber qual é a música? Ok. Mas atenção: a seqüência de palavras a seguir pode causar insônia, irritação e perigo à integridade física da escritora.

Aaaaiinda ooonnntemmm... Choreeeii de Saaudaaadee...”

Eu avisei. Boa sorte na sua próxima noite de insônia, e se de algum canto do seu quarto, surgir auma dúvida Gremlin... Não jogue água nela.