10.7.12

Histórias de Daza - 1,2,3... Gravando!

Por Carol Grechi

27 de janeiro de 2007. Você lembra o que estava fazendo nesse dia?

Eu também não me lembraria, só sei porque minha adolescência foi registrada em 2006 e 2007 por agendas/diários (ó a caneta nervosa da jornalista).

Na noite de 27 de janeiro de 2007 eu fui ao meu primeiro show do Dazaranha, no Resumo, Arroio do Silva.

Fernando, violinista, escreveu lá no final da agenda: “Carol, querida, esperamos que tenhas gostado do teu primeiro show do Daza, e que não seja o último! Beijos, Fernando”


Acho que entendi o recado. Dia 22 de junho de 2012 foi meu 20º show do Daza.
Nesses cinco anos de companhia, teve um show que... Aliás, teve um “pós show” que eu me lembro exatamente de todos os detalhes. Voltei pra casa correndo com um sorriso no rosto, vendo o céu azul e o Sol nascendo, tentando me convencer de que era tudo verdade.

Acho que esse show foi lá por 2008.

No camarim, após aquele vuco-vuco de entra e sai, foto pra lá, autógrafos pra cá... Ficaram somente os “de fé” (como diz mestre HG). E lá no cantinho estava um violão. Perguntei: “E aí? Não sai um som?”
Alguém me estendeu o violão e perguntou: “tu toca?”

Falei: “um pouco”.

Olhando pra banda ali em volta só me veio uma música na cabeça, clichezão, mas foi. Comecei a tocar e cantar “vagabundo confesso”, com o Chico me vendo tocar, Adriano balançando a cabeça, Fernando olhando e Gazu sentando ao meu lado pra cantar também.

Depois o violão foi pro Moriel e ele perguntou se eu queria tocar uma música nova pra ele cantar. Me ensinou os acordes e fiquei tocando enquanto tentava decorar a letra. Algo como “lá vem ela na barca das seis, com a roupa de ficar em casa...”

Depois (é, a noite foi longa) o pessoal foi saindo e ficamos eu, o violão, Fernando e Adriano. Fernando disse pra eu tocar uma música que eu gostasse. Toquei pinhal. A acústica do camarim tava muito legal, minha voz milagrosamente saiu certinha depois de uma noite cantando alto no show todo e falando direto ali no camarim, etc... Achei que a essa altura estaria rouca, mas não, deu td certo.

Quando acabei veio a seguinte cena:

Adriano estava ao meu lado, inclinado pra frente na cadeira branca de plástico, prestando atenção a cada acorde. Fernando estava em minha frente, sentado com a cabeça escorada na parede do camarim.

- Tu compõe também? – perguntou o violinista.
- Sim, tenho umas músicas guardadas...
- Hum... E tu nunca pensou em gravar nada?
- Bah, pensar eu pensei né! Hehe... Mas não tenho dinheiro, demorei um monte pra conseguir comprar meu violão...
- Hum...

Adriano olhava pra mim, eu olhava ora pro violão preto ora praqueles pensativos olhos de um verde escuro que me encanta até hoje.

- Tá... É o seguinte... Lá em Floripa o Daza tem um estúdio, e a gente pode usar também pra fazer trabalhos paralelos, de produção e tal...  Eu gostei da tua voz, bem afinadinha, e tu também toca legal... Se eu falasse pra ti que eu posso produzir duas músicas tuas, sem cobrar nada, tu iria pra Floripa pra gravar?

Adriano ainda me olhava, agora sorrindo em silêncio.

Eu pisquei algumas vezes, tentando fazer a cabeça trabalhar mais rápido pra entender o que ele havia dito, mas tava difícil... Eu? Gravar? No estúdio do Daza? De graça? Floripa?

Falei:
- Nossa... Claro! Claro que sim, vou sim... Bah, claro que sim...
- Então tá certo, vou te passar o telefone do estúdio e do nosso produtor, pode ligar depois de amanhã pra gente ver certinho.

Bom, agradeci uma trocentas vezes... E dá pra imaginar a confusão na minha memória depois disso né? Lembro que antes de ir embora (o dia já nascia) Fernando contou pros dazaranhos que ia me produzir e entre os “ah, que massa”, “legal”... Moriel me abraçou e perguntou:

“tá mas tu torce pra quem? Figueira ou Avaí?”
Olhei praquelas caras esperando a resposta e já ensaiando uma reação... Bah! Certo que devia ter torcida dos dois na banda. Espertalhona, me safei com a verdade:
“Cricúma, é claro”
Heheha,aí veio de todos os lados: “Ah, tá... porque se fosse figueira..”, “ãn, ãn, e se fosse mais uma avaiana, ah não..” , “é, é, o Tigre ainda vai..”  
Dei tchau pra todos e saí pra manhã que nascia no Arroio do Silva.

Quando cheguei em casa contei tudo pra mãe (que sempre acorda quando eu chego) , meio atravessada, meio fora do ar... Depois que dormi fiquei com medo de que tivesse sonhado tudo, ou que os ares do público no show tivessem alterado minha memória.

Mas lá estava o telefone anotado, e lá fui eu ligar. E lá fui eu à lan house inúmeras vezes mandar letras, gravações, imprimir recomendações, opiniões, alterações...

 Em 08 de novembro de 2008 peguei um ônibus e lá me fui pra Floripa. Esperei o Fernando em frente à UFSC, e depois de alguns minutos desconfiando de cada carro que parava, lá veio ele. Fomos direto pro apartamento dele, conheci a patroa Jana e seus dotes culinários ! Que almoço bom...  Conheci os dois felinos da casa, que não lembro os nomes, mas sei que eram engraçados...

  E depois do almoço, da sobremesa, de ouvir “dia lindo” em primeira mão (com direito à cômica interpretação do Fernando sobre a história da música) finalmente fomos às gravações!

Violões primeiro, de Pinhal (da Cidadão Quem, que a foi mesma que toquei lá no camarim, lembra?) e de Anjo Mortal, a música que o produça escolheu dentre as que eu mandei.

Depois vinha a voz (ganhei um chocolate da Jana, mas nada de comer antes de gravar a voz, ¬¬ nhé). Gravamos algumas vezes, alguns pedacinhos de gengibre surgiam pra ajudar o gogó... E lá estava o “morango do bolo” segundo o Fernando, que não gosta de cereja.
Na real só faltava gravar voz e violão, com as bases que eu havia mandado ele já tinha feito tudo, guitas, baixo, batera, violinos...

Me mostrou o “rascunho” de como ia ficar, perguntou se queria mudar alguma coisa, adicionar, remover, enfim... Só comentei que havia gostado muito de um rif que ele havia feito na Pinhal, aí ele anotou pra lembrar na hora da finalização... Fora isso o que mais eu poderia dizer? Hehe, tava tudo perfeito!

Só fiquei devendo a visita ao estúdio do Daza, porque não ia dar tempo. Gravamos tudo no estúdio na casa dele. Recepção além do que eu imaginava... Tudo muito massa!

Nas semanas que se seguiram o produça ia me atualizando via e-mail de como estavam as coisas, até me mandar a “pinhal com intro master” e “Anjo mortal master”. Bah! Será que ouvi repetidas vezes, o dia inteiro? Hehe

Quando eles vieram pra mais um show no Resumo, ele me entregou os CDs com tudo certinho, e disse: Agora é contigo!

 Hehe, que massa...  Ele havia mostrado os sons pro pessoal da banda, aí de vez em quando vinha um me dar parabéns e falar que tinha curtido... Surreal, até hoje.

A Pinhal tocou uma vez na rádio Som Maior, no programete do Everaldo João, (dono do Resumo) onde ele também falou de mim e contou a história da gravação antes de tocar a música. O Fernando havia mostrado os sons pra ele e disse que o Everaldo tinha curtido mais a minha versão da Pinhal do que a da Cidadão. AUEAUEHAUHE  Fala sério, surreaaaaal!

(Curta as duas músicas aqui: myspace.com/carolgrechi )

A Anjo mortal tocou um tempo na Transamérica (força do monstro Bebel!). Será que eu dava uma de “filhos de Francisco” e ligava todo dia do orelhão (mudando a voz e o nome, é claro) pra pedir a música?
Fiz bastante acústicos aqui no Arroio, Araranguá e Criciúma. Toquei na faculdade também, onde o pessoal dava a maior força =)

Faz tempo que não componho, espero que não demore a voltar essa “luz” que me descia às 4 da manhã, trazendo as letras inteiras, ou pedaços de idéias...

Eras isso! Essa é a minha história de amor com a música e com o Dazaranha, em breve virão outros causos e histórias engraçadas desses quase cinco anos. Valeu, Daza. Valeu, Fernando Sulzbacher (meu eterno produça! E agora paizão do Bernado, mazá!o/). Obrigada a todos que de alguma forma me ajudaram e incentivaram, lembro de cada um.

A porta do quarto tá aberta, voltem sempre!
beijundas