1.2.12

Acústicos e Valvulados







Por Carol Grechi

Sexta-feira, 13 de janeiro de 2012. Em Balneário Gaivota, no Sul de SC, a chuva caía incessantemente. Às vezes de forma branda, com aquela preguiça de leve garoa. Às vezes com violência, fazendo percussão nos telhados das casas.

O pequeno Balneário, saturado de "ai se te pego" e "tchê tchererê tchê tchês", naquela noite de chuva recebeu a banda Acústicos e Valvulados.

A praia é tão pequena que quando o tecladista da banda, Luciano Leães, escreveu no Facebook que eles já estavam no hotel, respondi que se eu fosse na rua e desse um berro talvez eles ouvissem. Em seguida o guitarrista Alexandre Móica respondeu um divertido "berra aí!".

Eu dei risadas enquanto tentava decidir a roupa da noite, nada como a letra da música "Vício", do CD Grande Presença. Não tenho muitas roupas e nem de marca. Mas tenho no mínimo duas "roupinhas de domingo" e isso já é o suficiente pra causar indecisão.

Apesar de ser praia fui de casaco e calça comprida, tava friozinho (pra mim). Cheguei lá e a gurizada com roupa de verão. Fuén fuén fuén.

O mistura Tropical é um lugar bem bacana, um ambiente legal, "bons lugares pra se descansar o olhar" como disse uma vez Humberto Gessinger num extra de DVD.

O primeiro lance da sexta-feira 13 foi a chuva, que já vinha de quinta, quarta, etc. ... E acabou refletindo na quantidade de público do show. Tinha bastante gente, mas não estava lotaaado, lotado, como acho que ficaria em tempo seco. O bom é que os que estavam ali eram realmente os "de fé" (citando HG mais uma vez), dispostos a ignorar o clima chuvoso e a distância do centro até o local.

A banda não enrolou muito pra subir ao palco (obrigada por isso!), "A espera" foi na medida certa. Mas logo na primeira música a uruca da sexta-feira 13 caiu sobre o pobre Diego Lopes. O baixo do meu colega jornalista simplesmente emudeceu. Ele passou a "Agora", música que abre o album Grande Presença, de braços cruzados num cantinho do palco. Na boa, aquilo me deu uma dorzinha.

Mas logo em seguida já tava tudo ok outra vez e a "chalaça" (como diz o Malenotti) seguiu sem problemas. "Suspenso no espaço" e "Até a hora de parar" vieram com aquele gás de sempre! Me acostumei tanto em ver e ouvir o DVD/CD acústico que confesso ter estranhado um pouco as guitarras. Na minha cabeça ainda tocavam os violões. Mas olhava pro Dani e pro Móica e dava de cara com as guitarras! "O truque já aconteceu" veio embaladinha, do Grande presença também. Curtir som de CD novo no show é sempre uma experiência legal.

Cara, confesso que boiei um pouco na "Feche os olhos". Não conhecia essa música! Menos 10 pra mim na tarefa de casa! Agora fui pesquisar e vi que a canção é do álbum Acústicos e Valvulados, de 1999 (o segundo da banda), fiquei meio perdida porque tenho o Acústicos e Valvulados II, de 2001.

As companheiras de CD da “Feche os olhos” são ninguém menos que “Quem me dera”, “Bubblegun”, “ O dia D é hoje", "Fim de tarde" e "Até a hora de parar". Foi legal conhecer uma das humildes num CD com tantas que viraram estrelas.

Uma das músicas que eu mais estava esperando no show em Gaivota, era a "Céu da noite". Que música gostosa! Uma das que já ganharam clipe do Grande Presença. Curto muito as músicas mais poéticas que saem da mente do baterista e compositor P. James. Que me acostumei a chamar de "Pê", se tento chamar de Paulo parece que não estou falando dele...

A "Céu da noite" traz aquele romantismo leve, história bem contada que bem poderia ser a de quem ouve... Curto muito a voz do Rafa Malenotti nos sons mais românticos, cai certinho, a rouquidão que dá o gás nas agitadas, nessa fica acariciando os tímpanos com delicadeza.

Na sequência do setlist veio "o dia D é hoje", cláááássica! E bom, clássico é clássico e vice e versa e veça e virse! Em seguida "A minha cura" (que na minha cabeça também ainda tocava ao som de violões) e "Você não vai gostar", outra que me fez dar uma engolida tipo "glupt, só lembro mais ou menos dessa". Outro menos 10 pra mim!

Enquanto ouvia fiquei remoendo na memória com "quase certeza absoluta" (como diria o CD da Cartolas) de que o som era do Grande Presença. Eu ficava matutando "mas é!", "mas não é!", "mas é!", "mas não é!"...

E no fim não era mesmo, agora enquanto estou escrevendo o Google matou minha dúvida cruel. Quer dizer, acabou de aumentar a dúvida. Diz que é do CD, mas no meu não tem. Ou me comeram uma música do CD ou o Google está mentindo (não pode!!). Mas afinal, é ou não é?

Por favor, aguarde no texto enquanto a internet móvel tenta me ajudar. Sua leitura é muito importante para nós! A Revista Cooltura possui uma grande variedade de... blém!

Pelo que entendi saiu na onda do Grande Presença, com clipe e tudo, mas não entrou no CD. Alguém aí me confirma?

Depois dessa veio "Milésima canção de amor", cara que música bonita. Lembra a onda romântica que falei antes? Então... Essa eu curto em qualquer versão, na original, na acústica, na guitarra... Mas a minha versão preferida é a do quarteto de cordas, esse som saiu há bastante tempo, se não me engano não está em nenhum CD. Mas é linda pra caramba, violinos, violões... Coisa mais linda.

Vou linkar o nome da próxima música com uma situação típica de show. Sabe quando fica um bebum pedindo música toda hora? Então, nessa sexta-feira 13 a Dona Uruca trouxe um bebum COM UMA GAITA DE BOCA pedindo música toda hora. Encarnou que queria que o Rafa tocasse a tal da gaita numa das músicas, e o beduíno albino, querido como sempre, esperou o intervalo entre duas canções pra chegar na beira do palco, segurar a mão do figura e perguntar "mas qual é o tom da gaita? tu sabe? eu não me lembro".

O tio da gaita aparentemente mais pra lá do que pra cá, não parecia captar a mensagem recebida. Continuou resmungando os pedidos e dando umas assopradelas na harmônica de vez em quando...

Aí qualquer vivente "sai do sério" né! Esse som foi cantando pelo Móica, que há tempos vem dividindo os vocais com o Rafa. O som é do Grande Presença também e tem um gás dos bons! Recomendo o CD solo do Móica pra quem quiser curtir mais cantorias dele, baita CD. "Eu já sei onde isso vai dar" entrou a milhão!

Na sequência quem assumiu o microfone foi o baixista Diego Lopes, na sonzeira "Lucille", de Little Richard. Baita música, Dieguito levou o som na classe enquanto pilotava seu baixo.

Um detalhe que não posso deixar passar despercebido (mostrando que não fico só nos elogios), foi a qualidade do áudio que vinha pro público. Não sei se o retorno pra banda tava massa e o problema era só pro lado de cá, se tava ruim pros dois lados, ou se era "culpa" da casa, do Almir, da Dona Uruca... Sei que em algumas músicas o som ficava tipo "sujo", meio bagunçado, difícil de ouvir as vozes, principalmente as dos outros microfones que não o principal... E infelizmente Lucille foi uma delas ( pelos menos aos meus ignorantes ouvidos). A uruca sempre vem encostar nos jornalistas né Diego? Barbaridade! P. James (que também é colega de profissão), sentiu a nhaca do dia 13 em alguns momentos nos microfones da batera, que volta e meia saiam do lugar. Se a Bruxa do 71 estivesse no show certamente falaria "Satanáááss? é você Satanáás?"

Logo em seguida Rafa voltou ao microfone com a belíssima "Quintal". Sonzeira ! "Bubllegun" fez a galera dar aquela dançadinha desajeitada, mas inevitável. A levada da música faz o corpo a seguir, aí fazer o quê se não seguimos de forma visualmente atraente né!?

"Cara de pau" foi mais uma embalada do Grande Presença, antes do mestre das telcas Luciano Leães soltar a voz em "Great balls of fire", de Jerry Lee Lewis. Já vi o moço tocar bateria muito bem, canta, domina as teclas de pianos e Hammonds como se fosse a coisa mais simples do universo, tem uma sensibilidade incrível pra fotografia e, cá entre nós, meninas, não é nada desagradável de se olhar (que o namorado não me leia).

Será que tá bom?

O som cantado por ele tava foda! Pena que a nhaca do som "engruvinhado" ainda pairava pelos ouvidos do público no lado de cá do palco. Mas os sorrisos lá de cima compensavam qualquer pequeno desconforto.

"O nome dessa rua" deu mais aquele tchan! "Fim de tarde" provocou olhares saudosos e sorrisinhos supirosos. Além de mãos estendendo celulares, para que a pessoa no outro lado da linha curtisse o som ao vivo também. Imagino a reação delas quando o Rafa se abaixou e cantou direto nos aparelhos.

E encerrando a noite "Remédio" deixou seus últimos "ahá-ahás" ecoando pelo público fiel. Como boa esperançosa que sou, fiquei esperando o bis. A galera entoou o "mais um, mais um". Mas neca. Microfones começaram a ser recolhidos e pra garantir chamei um moço do palco e perguntei "acabou mesmo, não tem bis?", "acabou", disse ele. Fiz beicinho. Bis sempre é bom.

Olha, se alguém falar que os Acústicos e Valvulados não atenderam no camarim ou foram de alguma forma desrespeitosos com o público, tá falando de outra banda.

Pra não rolar camarim, só se não existir o camarim, o espaço físico. Mesmo assim sempre rola uma atenção aonde der, na porta do ônibus, na rua... Enfim, deu pra sacar né?

O camarim dessa sexta da Uruca estava repleto de cadeiras de plástico, convidando a galera a se acomodar.
Um aparelho de som mandava as trilhas sonoras lá de uma mesinha de canto. Abraços e sorrisos, fotos e autógrafos não faltavam. Algumas Polar e Heinekens pra lá, várias águas pra cá...




E até um desafio de basquete! Um dos funcionários do local é cadeirante e sempre desafia os músicos convidados numa competição de arremessos. Lá estava o Rafa, acompanhado por sua simpática "patroa" (que também achei muito linda, por sinal, um belo casal), que também era só sorrisos. Rafa sentou numa cadeirinha daquelas de madeira e palha, preparou o arremesso e... Lá foi a bola! Pra fora! Não lembro quantas tentativas eram pra cada um, acho que cinco, mas o moço do bar venceu o moço do rock!

Acho que dá pra terminar a história dessa chalaça com as despedidas, repletas de abraços de verdade (não aqueles de "social"), sinceros agradecimentos de ambos os lados, muitos "boa viagem" e "voltem logo" e "que bom te ver"...

Papas da Língua vai ter que me emprestar uma de suas canções pra eu poder encerrar e descrever que, na manhã de sábado, 14 de janeiro de 2012, "O dia amanheceu em paz" em Balneário Gaivota. Que o bom rock volte sempre.

Esqueci de dizer que:

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Em algum momento do show o Rafa me deu sua palheta! Branquinha, com "Acústicos e Valvulados" e "Machete tour" escrito em vermelho. Ele me entregou e falou: "Mas eu já vou te pedir de volta". Me senti super importante. Dá licença, to guardando a palheta pro vocalista, ham-ham... Tocou mais alguns sons e olhou pra mim estendendo a mão. Devolvi sorrindo e, depois da música a palheta voltou pra mim com a frase "agora ela é tua". Senti a inveja me fuzilando de alguns olhares que também estavam próximos ao palco. Fazer o quê né meu povo? Faz de conta que a sensação não é legal.
* Em algum momento do show o Móica tirou o cinto e começou a dar uma surra na guitarra
*Paulo Grebim, vocalista da banda Paranóicos Latentes, cantou uma música com os Acústicos!








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