9.12.10

Ambidestra, ambidaquela...



Por Carol Grechi

Ah, o boliche. Aquelas bolas bonitas (tchêê), a pista brilhando, o pessoal se divertindo, as canaletas bombando e os pinos esperando uma criatura que os derrube. Tudo muito bacana! Até o momento em que você, na tentativa de ajudar sua equipe, resolve tomar medidas drásticas.

Há diferentes pesos de bolas de boliche. Com a mais leve você não se cansa, e se jogar com calma, consegue derrubar alguns pinos. Vendo as outras pessoas fazendo strike com uma bola super pesada, o que dá pra deduzir? Ou você é muito ruim, ou bolas pesadas são a solução!

Sua vez de jogar, a engrenagem dá umas gemidas e aparece ao seu lado uma bola pesada. Bem pesada. Pra segurar com uma mão só, sua força faz uma veia saltar no pescoço (tipo a do Zezé de Camargo quando canta).

Alguns passos e chega a hora. Se esforçando (literalmente) pra mirar a bola no meio da pista, o braço direito se prepara, vai pra traz levando a bola e... Quando volta, jogando-a (mais ou menos) no meio da pista, parece que alguma coisa está errada. Depois de um baque no chão (ninguém avisou que não é bocha??) a bolota marombada vai indo, indo e acaba fondo na canaleta. Mas isto é um mero detalhe, pois quem parece não estar satisfeito com o resultado é o seu pulso.

Pra lhe lembrar de que não se deve brincar com coisas que não são pro seu tamanho, ele começa a doer. Aquela dorzinha, discreta e permanente.

Ao chegar em casa, depois do banho (dormir com nhaca de boliche não, né!) é que a coisa pega.

Ou melhor, não pega. Com a mão direta não. Nem puxar um lençol leve pra se cobrir. Nada. Toda a força do braço direito ficou lá na canaleta, com a bola pesada.

A semana vai passando e você cada vez mais canhoto(a). A faixa no pulso direito parece servir como um aviso constante para o cérebro, que já lhe manda os comandos básicos pra mão esquerda. Abrir portas, se segurar no ônibus... Aliás, falando em trânsito, pra ajudar na situação, temos mais dois detalhes. Auto-escola de moto. Serviço (diagramação, ou seja, computador).

Ao chegar na pista (não a de boliche, a da auto-escola) o instrutor olha pra faixa no pulso e franze o cenho perguntando:

- O quê que tu fez aí?

Sim, esta é a pergunta do momento, daqui a pouco será divertido inventar versões diferentes pra resposta, mas ainda não. Só a palavra “boliche” acompanhada de alguns movimentos desajeitados com o braço, já explica.

Tudo vai muito bem, acelerar é um pouco dolorido, mas fora isso você e a moto amarela são grandes amigos, felizes... Desbravando a pista... Até o momento em que por descuido, você pára sobre um desnível de terreno (baita buraco) e quando o pé direito procura o chão pra segurar o peso da moto, o chão não está ali. Está lá, alguns centímetros abaixo. E é aonde você, a moto amarela e pulso enfaixado vão parar, lá embaixo, embolados sobre os pneus de "segurança" que delimitam o percurso. Desnecessário tecer mais detalhes sobre a situação, a cena já é bastante tragicômica.

Mais tarde, no trabalho, é o mouse quem teima em trabalhar com a mão esquerda. Se arrasta, trava, não obedece... E o pior é que o mouse até muda de lado, mas os atalhos no teclado não. ¬¬ Fail. Tarde demorada e dolorida. E isto que é só quinta-feira.